“Estudar o direito é, assim, uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, preparo, mas também encantamento, intuição, espontaneidade. Para compreende-lo é preciso, pois, saber e amar. Só o homem que sabe pode ter-lhe o domínio. Mas só quem o ama é capaz de domina-lo rendendo-se a ele.” Tércio Sampaio Ferrar Jr.
Vai dizer que não arrepiou os pelinhos do braço essa frase? hehehe
Mas vindo de quem é, arrepia acho que de medo hahaha
É, nós, estudantes de direito, alunos de Introdução ao Direito do tio Bolonha, sabemos como esse cara nos deixou noites sem dormir - e sem entender nada do que ele escrevia. Mas é hora de superar o passado e admitir que a frase é foda. Na verdade me deprime um pouco, pois vejo que nunca serei capaz de me render a ele. Não que eu não goste do que eu estudo, mas não tenho essa paixão não. Muito bom pensar nisso faltando seis meses pra acabar né?
Entretando, não tem outra coisa que eu diga: Ah, era isso que eu queria ser!
Sei lá, não me vejo fazendo nada específico, nada que seja a minha vida, e tal.
Enfim, não é hora de filosofar sobre o assunto, porque eu tenho uma monografia a preparar, e tá sendo estressante desde já. Pra quem não sabe - e tem curiosidade em saber - meu tema é Responsabilidade Civil por Dano Ambiental. Sem entrar em pormenores, estava aqui aumentando meu primeiro capítulo, lendo textos e tal, e me deparei com um texto muito foda. Em tempos de aquecimento global, destruição indiscriminada do meio ambiente, me fez pensar, e espero que faça vocês também. Eu sei que é grande, mas vale a pena dar uma lida.
Enjoy:
Resposta de uma tribo indígena a oferta de compra por parte do Presidente dos EUA de grande parte de suas terras (1854):
“Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. Seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos radiosos, os sulcos úmidos nas Campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Whashington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar a nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seus caminho. Deixa para trás os túmulos de seus filhos e não se importa. A sepultura de seus antepassados q não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas, talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma vê ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é preciso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é preciso para nós, que o ar compartilha seu espírito como toda vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu ultimo suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligaçao em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode ser isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra: mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão, talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força de Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados de cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.”
quarta-feira, 27 de junho de 2007
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2 comentários:
Sinto algo semelhante em relação aos estudos...acredito q isso se deve ao fato de que o nosso sistema educacional enfoca o conhecimento como um produto...e não como um meio para atingir a completude.
Por conta disso, sempre que compramos conhecimento, ele sempre vem atrelado à uma cartilha. Ou seja, inconscientemente acabamos não investindo em aprender aquilo que seria importante só para nós e nos tornaria naquilo que nascemos com potencial de ser!
Não sei se me fiz entender...mas o "fato concreto" (by Lula) é que estudamos para nos tornar advogados, médicos, engenheiros, psicólogos, whatever...ou seja, só MODELOS PRONTOS. O que NÃO NECESSARIAMENTE VAI SATISFAZER NOSSOS ANSEIOS E OBJETIVOS PESSOAIS. Daí vem o vazio.
Enfim...deveríamos investir nossos esforços não para nos enquadrar em modelos e histórias pré-montadas...e sim para sermos OURSELVES!!
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O texto da tribo indígena é maravilhoso...ficaria legal se vc usasse parte dele como citação de abertura pra sua monografia.
Contudo, acredito q esse texto ou tenha autoria falsa, ou tenha sido escrito por um silvícola MUITO instruído...em uma escola dos brancos!
intiresno muito, obrigado
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